domingo, 23 de setembro de 2012



Natacha Prado


Mudanças geradas pelos eventos esportivos
Cidades correm risco de ficar supervalorizadas após término de competições

 A mídia tem divulgado pouco sobre o que está sendo realmente realizado na organização dos megaeventos. Para muitas pessoas os gastos estavam sendo custeados pela iniciativa privada, pois foi isso que o ex presidente da CBF, Ricardo Teixeira comunicou à imprensa.Porém não está sendo bem assim, as verbas estão saindo dos cofres públicos, governos estão investindo grandes valores na construção de estádios, que são verdadeiros stúdios, pois não oferecem nenhum benefício para quem os frequentam, somente são atraentes aos olhos de quem os observam.
O Engenhão foi um projeto estimado em 92 milhões de dólares, porém seu valor real foi 224 milhões de dólares, e o pior, está sendo alugado pelo clube Botafogo, que paga 40 mil reais de aluguel para usufruir do estádio por 30 anos.

Engenhão - Estádio Olímpico João Havelange

Em relação aos estádios da Copa do Mundo, o Maracanã é o que mais temos uma relação particular, por conta de tantas histórias que foram escritas dentro daquele espaço. Entretanto, o tratamento dado ao estádio da final da Copa de 2014, não está sendo muito diferente, do dedicado ao Engenhão. As demolições já começaram e do antigo Maracanã, pouco ou quase nada sobrou. Os planos vão além de tirar as características do estádio, há interesse do empresário Eike Batista de administrar o Maracanã depois do encerramento dos jogos.
Com tantos problemas sociais para serem resolvidos, o governo constrói um novo estádio e depois o entrega prontamente para um empresário obter lucro de um projeto que ele não contribuiu. O Maracanã ainda será muito utilizado, pois não deixará de ser um templo do futebol, mas outros estádios como o de Manaus e Brasília que não têm passado no futebol, irão se transformar em elefantes brancos, pois serão inúteis depois do fim das competições.
As empresas que estão construindo os estádios como a Odebrecht, por exemplo, terão grandes benefícios. Ao contrário do que aconteceu em outras Copas do Mundo, não serão oito sedes, mas sim doze que irão proporcionar um lucro muito maior que o obtido em outras edições.

Projeto - Arena Multiuso da Amazônia - Manaus

Outra questão pertinente é a transformação do Rio de Janeiro em uma cidade para classes altas, no processo de organização e depois do término dos eventos. Aluguéis já aumentaram em 80 % na cidade, restaurantes, quiosques já aumentaram seus preços pensando na visita de turistas, mas esquecendo das condições de quem é morador da cidade. Diversas pessoas de comunidades pobres já foram removidas para lugares muito distantes de onde moravam, com o propósito de possibilitar a construção de estacionamentos nesse espaço.
A mídia possui responsabilidade de transmitir o que está acontecendo nas cidades sedes de megaeventos. Os meios de comunicação não podem encobrir o processo, temos que ver a evolução das construções e acompanhar as transformações nos estádios e no cotidiano das cidades.

Contrução de hotel 5 estrelas no Vidigal - Rio de Janeiro


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